terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Palmeiras - Fundação

Os primeiros passos de um clube que nasceu para ser gigante :

Mal se iniciara o ano de 1914 e os meios futebolísticos da então pequenina São Paulo de Piratininga - ainda incipiente, ainda sem estádios, ainda vivendo dos clubes aristocratas que se apresentavam no Velódromo da Rua Consolação - foram sacudidos com duas visitas da maior importância, ambas oriundas do mesmo continente e do mesmo país: da Europa e mais precisamente da Itália, desembarcaram por aqui as squadras do Torino e da Pro-Vercelli.
A emoção provocada pelas exibições dos craques italianos calou fundo principalmente nos membros da colônia peninsular, a maior da cidade e do Estado, provocando um movimento em seu seio. Afinal, os ingleses tinham seus clubes futebolísticos, os alemães também, enquanto os italianos se dedicavam mais especialmente ao remo - na Espéria, na Ponte Grande - e seus craques pulverizavam em times brasileiros ou de outras colônias.

Foi imaginando que um clube de futebol que reunisse italianos e seus descendentes fazia falta à cidade, que o quarteto formado por Luigi Cervo, Vincenzo Ragogneti, Ezequiel Simone e Luigi Emanuele Marzo começou a imaginar a maneira de criar tal agremiação. Queriam se ombrear ao Germânia, ao São Paulo Atletic, ao próprio Paulistano, tido como o melhor representante brasileiro em São Paulo.

Com a finalidade de criar um clube que cobrisse a lacuna, mas que estivesse aberto também aos brasileiros, o quarteto começou a promover reuniões em uma sala da Societá Doppo Lavoro onde os ideais se misturavam ou se dividiam nas mais diversas direções. Uns queriam fundar um clube filodrammatico, outros uma agremiação dançante, mas a maioria se interessava mesmo na prática do esporte.

As apresentações do Torino e da Pro-Verceli acabaram por fazer a balança pender definitivamente para o lado esportivo, e Ragogneti - que era jornalista - fez publicar um pequeno anúncio no Fanfulla, a folha de imprensa favorita dos italianos, no dia 14 de agosto de 1914, intitulado: "Pela formação de um quadro italiano de futebol em São Paulo", convidando os interessados a se unir em torno do empreendimento. A idéia inicial foi a criação de um departamento de futebol na Societá dei Cannotieri (o nome original do Espéria), com o que não concordam os dirigentes daquele clube náutico, obrigando os pioneiros a se firmar no ideal da fundação de um clube novo.

Cinco dias depois, era publicado no Fanfulla um convite a todos os que quisessem aderir à fundação da agremiação da colônia italiana, para que comparecessem àquela noite às 20h na Sala Alhambra, na Praça Marechal Deodoro, n° 2 (um local de reunião que era usado por qualquer grupo ou entidade interessado), a fim de participar do nascimento do Clube Palestra Itália, bem como eleger uma diretoria provisória para reger seus primeiros momentos. Ficou claro que a destinação principal de tal clube era a prática do futebol.

Não foi nessa noite, porém, que nasceu o Palestra. Um grupo de amantes do teatro não concordou com um clube certame oficial.

O ano de 1914 terminou sem que nenhuma atividade marcasse a existência de um novo clube. De agosto de 1914 à janeiro de 1915, o Palestra tratou de preparar sua grande apresentação à cidade e à colônia, e esta aconteceu na noite de 9 de janeiro de 1915, um sábado, nos salões do Germânia (alugado por 300 mil réis) com um grande....baile.

A presença do real cônsul da Itália, comendador Pietro Baroli dava foros internacionais à festa, e após a execução da Marcha Real e do Hino Nacional Brasileiro, com discursos e brindes, "teve início a festa dançante, com abundante serviço de champanha", como registrou a crônica na época.

O futebol, propriamente dito, estrearia em Votorantim, nas imediações de Sorocaba, na tarde de 24 de janeiro de 1915, contra o S.C Savóia, tido então como um bicho-papão do futebol do interior do Estado de São Paulo. As dificuldades eram grandes, quer para a compra das passagens para a delegação palestrina, como até para camisas e calções. Mas tudo foi superado e a alegria de estrear com vitória compensou todos os sacrifícios.

Depois de um primeiro tempo sem gols, o Palestra volta disposto a ganhar o jogo e faz principalmente através das jogadas de Bianco, sua maior estrela. É exatamente ele quem manda para as redes a bola que ficaria marcada na história do clube como o primeiro gol de sua história, cobrando um pênalti na metade do segundo tempo. Antes do encerramento do jogo nova penalidade máxima - desta vez cobrada por Alegretti - determina o placar final de 2 a 0 e a estréia vitoriosa da vida do Palestra Itália.

Ele jogou assim: Stilitano, Bonato e Fúlvio; Pollice, Bianco e Vale; Cavinato, Fischi, Alegretti, Amílcar e Ferre. O juiz foi conhecido sportsman da época, Sílvio Lagreca.

Até o ano de 1916, o Palestra só jogou amistosamente. Naquele ano (principalmente com o apoio da AA das Palmeiras), consegue inscrever-se na Associação Paulista de Esportes Atléticos - a Apea - que dirigia o futebol dos chamados grandes clubes, e estréia dia 13 de maio contra a AA Mackenzie College em seu primeiro jogo de campeonato, empatando por um gol.

No ano seguinte, enfrenta pela primeira vez aquele que viria a ser seu mais tradicional adversário no campo futebolístico, o S.C Corinthians Paulista, pois apesar de toda a tradição que os corintianos já acumulavam na época, o Palestra vence no primeiro turno por 3 a 0 e no segundo por 3 a 1, chegando às finais do campeonato com o Paulistano em partida tumultuada, que acabou por determinar aquele que é conhecido como o Ano Negro da história palmeirense, 1918.

Uma verdadeira batalha campal marcou a partida final e uma frase ofensiva aos brios da colônia italiana proferida pelo dirigente Martinho Prado fez com que o Palestra se retirasse da Apea. A crise coincidiu com o surto terrível da gripe espanhola, e a simpática atitude do clube, transformando sua sede na Rua Libero Badaró em hospital de emergência cedido à Cruz Vermelha, fez com que a Associação dos Cronistas Esportivos insistisse junto aos palestrinos para que voltassem a disputar o certame oficial. Deis de alguma relutância, o clube que ainda usava a camisa tricolor italiana retorna à Apea, para no ano seguinte - 1920 - conquistar seu primeiro título em jogo decidido exatamente contra o temível esquadrão de Friedenreich, o Paulistano, vencendo por 2 a 1. O jogo foi no dia 19 de dezembro na Chácara da Floresta e estava empatado em um gol (Martinelli marcara para o Palestra) na metade do segundo tempo quando Mateus Forte fez o gol da vitória e do primeiro título.

2 comentários:

  1. até q é bonita a história, mas Verdão original mesmo é o Coritiba!! Muito mais antigo (fundado em 1909) e verde e branco desde o início, sem essa historia de vermelho....

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  2. ATÉ CONCORDO COM O NOBRE COLEGA ANONIMO , E RESPEITO MUITO O NOSSO COXA SOU PARANAENSE TBEM , MAIS NAO POSSO TIRAR O MERITO DO MEU VERDAO SO POR NAO PERDER AS RAIZES COM MINHA QUERIDA ITALIA EM MANTER A COR VERMELHA , DIGO MINHA PQ MEUS AVOS VIERAM DE LA AINDA CRIANÇA E FIZERAM ISTORIA , E AJUDARAM A CONSTRUIR ESSE NOSSO BRASILLLLLLL VERDAO VC FAZ PARTE DE DUAS ISTORIAS BRAZILIANA E NOSTRA ITALIA .CAPITT

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